quarta-feira, março 04, 2009

O Pintor.



Impávido e aquietado
Estende a mão para alcançar o pincel
Esquece passos e, sem preparo
Pinta, como quem barra mel
Que estranho traçado e tão parca a forma de desenhar
Há algo, qualquer coisa, que foge ao fado
Há algo, e qualquer coisa, naquele pintar!
Só um pincel conspurcado, ou mesmo pouca arte no barrar
Não poderiam causar tanto dano!
Nunca, ao ponto de o destroçar.

- Que te fiz eu pincel?
Porque não me obedeces
Se tanto aprecias o mel!
- Oh pobre quadro, e tu que reflectes?
Que estranho traço me mostras
Que fraca pintura prometes!
- Ou serás tu mão?
Serás tu que esqueces
O que pensa a cabeça e sente o coração?

- Não...
Sois vós... olhos malvados
Vós que vedes o que o pincel não pode pintar,
Vós que apreciais o que o meu quadro não pode mostrar,
Vós que adorais o que o meu coração não consegue amar.
Sois vós!!! Vidros fumados,
Que escondeis a solidão
Preferindo o luar,
Que vos fechais ao estender de uma mão
Sem nunca me fazer parar…

Sois vós... espelhos quebrados!
Vós, que no vosso estado são,
Me fazeis cegar!


Kum

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