segunda-feira, novembro 23, 2009

Menino Soldado



Vá, grita.
Cospe o que vês pelas tuas olheiras.
Desenlaça o meu esconderijo,
Faz-te homem uma vez na vida
E aprende como é isto nas trincheiras!

E diz-lhes que estou feito.
Como se eles próprios me vissem.
Do cimo desse monte
Diz-lhes que o embuste era perfeito,
Se nesta altura as folhas não caíssem.

Anda covarde,
Consegues bem mais do que isso
Anda que me estoira o peito de não te ouvir,
Que me dá vontade de verdade
De matar-te e matar-me a seguir!

Vamos, acaba com isto
Que estou a dar em doido.
E não vou continuar aqui deitado
Que mais valera não me teres visto
Se na verdade não me queres acabado...

Quase que te pedia para disparares
Não visse já que és incapaz.
O pouco que sou, não me deixa errado...
Podias mandar isto pelos ares!
Pfff… Mas não passas de um rapaz!!

Dás-me pena.
E deixa-me nojo quem te pôs aqui.
Vai-te menino, volta para casa
E se alguém te perguntar desta cena,
Diz que me mataste… a mim… o único que te conheci.


Kum



A todos os meninos soldados... quem me dera mandar em mais do que no meu mundo...

domingo, novembro 15, 2009

Na palma da mão.



Estou a olhar para a minha mão
Bem para o sitio onde devias estar
Onde eu te sentia até então
E onde te via dançar

Vejo o amasso que lhe fez
O bater do teu coração
E chego a ver o que vês
Quando cantamos a mesma canção

E ainda ouço a melodia
Que desenhavas com os teus passos
E que me entregava à alegria
Nessa dança de abraços

Onde danças por ti
Assim, na beleza de ser
Pois eu fico-te aqui
"É sempre mais do que eu te sei dizer"

Tenho na minha palma
Ainda a batida do coração que é teu
E que resta do que me acalma
"É que hoje parece bastar um pouco de céu"


Kum

quinta-feira, novembro 05, 2009

Eu e Tu




Eu e tu amigo meu,
Somos mais do que ninguém
E mais do que o céu,
Se no céu existe alguém,
Conseguimos ser.

Mais e melhores
Do que todo o prazer,
Tanto e maiores
Do que tudo o que houver
E tudo o que der para ver!

Somos e seremos um
Como ninguém conseguiu ser…
E se no fim não restar nenhum
Ficarão os momentos do que conseguimos viver

E ficará no ar,
Em cada estrada que curvemos,
Ficará o suar, as lágrimas e o sangue
Que um dia tivemos de limpar
Mas ainda temos!

Somos assim.
Tão desconcertados como este texto,
Mas L&M de um mesmo maço.
Somos apenas um pretexto,
A recta, a curva e o regaço.


Kum

segunda-feira, outubro 19, 2009

"A todos os nossos segredos"



O tempo de hoje foi curto para mim.
No meu dia sobraram-me preocupações
E a noite despiu-me assim…
De todos os sentimentos e emoções.

Perdi-me em todas as esquinas
De tempos esquecidos por alguém.
Senti fugirem as reacções que estimas
E receei que descobrisses o quanto sou ninguém.

Mas, numa dessas noites que passaram
Apressadas sem que adormecesse,
Descobriste memórias que me cativaram
E criaste vitórias sem que ninguém perdesse!

E hoje escrevo porque o meu coração não sabe rezar,
Que também não sou soldado para saber esquecer o medo.
E fugir não posso, que não sei voar
E perder-me não quero... Pois amo o nosso segredo!


Kum

sábado, outubro 10, 2009

Aquele dia.

Naquele dia o Douro era cor de prata
E apesar da encosta joanina se mostrar serena
A minha alma continuava farta
E o meu sorriso não valia a pena

Os meus olhos não brilhavam
Nem acompanhavam o jeito de sorrir
Naquele dia em que as gaivotas voavam
Eu gostava de tudo, mas só me apetecia fugir

E apesar de aquele dia custar a passar
Nenhum dos meus sentimentos me foge
Porque dias como aquele terei sempre de suportar
Porque aquele dia não é sempre nem nunca. É hoje!


Kum

quinta-feira, setembro 10, 2009

Uma vez...


Lembro-me uma vez por dia.
Uma única vez!
Do toque, do cheiro, da magia
E mais tudo o que se fez.
Recordo em imagens que não consigo revelar,
Como era tão certo
O teu beijo fazer-me corar
E o meu abraço manter-te perto.
Desenham-se traços de um rosto
Que desejou menos que a verdade,
E desse amor de fogo posto
Ficaram os ornatos, o orgulho, a vaidade…
Uma única vez!
É tempo demais.
É tempo perdido como o que se desfez,
É tempo… e nada mais!


Kum

terça-feira, setembro 01, 2009

III.



A minha vida é uma história,
De capítulos que não sei escrever o fim.
Rabisco…
E deixo a pontuação que se faz acessória,
E levo a entoação que faz ritmo em mim.

Sou o autor do meu ser,
Onde todas as palavras são o meu existir.
Tanto a prosa que esmorece por eu não saber,
Como as rimas que padecem pelo meu sentir

São tudo linhas vãs,
Porque não sei acabar.
E mesmo que as palavras venham sãs,
Tornam as frases doentes ao juntar

Na doença que aqui é só uma:
O não acabar para festejar!
Que não há maior tristeza alguma,
Do que não haver um fim pra (re)começar.


Kum

quinta-feira, agosto 27, 2009

Missionário de guitarra



Sou um missionário de guitarra.
Um proclamador de alegrias
Que quanto mais a crise amarra,
Mais arma algazarra
E se desfaz em euforias.

Manifesto-me em oração
Onde rezo no meu silêncio,
Que mais à crise quer dizer não
E onde desperta a vocação,
Daquilo que sinto e não do que penso!

Sou bem ágil para não cair
E igualmente forte para me erguer.
Que da crise não fujo sem me rir
E que por mais volte a cair...
Não é assim que me vão vencer.

Continuarei aqui de pé.
Que o meu sustento é de Ti!
E vejo esta crise que até,
Não é outra, senão crise de Fé
Mas ainda assim continuarei aqui!


Kum

quarta-feira, julho 15, 2009

Shiuuuu

Shiuuuuu…
Não sei contar segredos,
E às vezes não os consigo guardar.
Os meus revelam-se como medos,
Desassossegos que magoam ao revelar!

Shiuuuuu…
Que eu quero ouvir baixinho…
Porque assim te oiço sincera
Na forma como me dás o carinho,
Na paciência mágica da tua espera.

Shiuuuuu…
Porque este é o segredo.
O nosso. Que mais ninguém consegue chegar.
E como os outros este dá-me medo
Mas não me tira o acreditar.

Shiuuuuu…
Que ontem fui secreto,
Hoje desperto,
E ninguém me viuuuuu…


Kum

domingo, junho 14, 2009

Deixam-me?



Deixam-me morrer?
Não peço mais…
Que seja doloroso, que me despedace a alma
Que sinceramente não me aflige saber,

Mas matem-me! Ou a eles se puder ser.

É que sozinho, eu sou mais do que eu
Sem ser ninguém.
E rodeado de gente não sei quem sou...
E contigo, ainda não o sei bem!

Será que tenho mais do que um em mim?
Será que acordo e os sons que ouço são o frenesim
Das pessoas que vivem aqui dentro?!
Aquelas que me desorientam assim?

E deste confuso “eu”... não sei o que espero.
Quero a liberdade de gritar sem ter que ouvir,
Tenho a vontade de voar sem sair daqui e
Desejo que apenas um dos meus “eus” seja sincero…

Mas apenas tenho esta merda…

QUE MERDA ESTA DE NÃO SABER O QUE QUERO!


Kum

sábado, maio 16, 2009

(Pois) que façam!



Sejam assim para mim.
Todos os terços onde choro,
Todas as noites que me derrotam.
Que me amargurem todas assim…
Que todos os dias acordo
E me levanto, como as flores brotam!

Que seja cinzento o rio,
Onde me poluem a esperança
E me infeccionam a alegria…
Feche-se o céu em tons de sombrio,
Que em mim farei bonança!
Em mim nascerá um novo dia!

Que me tirem o chão.
Vá lá!! Arranquem-me o brilho.
Fujam com o meu olhar
E me tragam a solidão.
Que eu luto, traço um novo trilho
E continuarei a caminhar!

Que se abram os infernos!
E que parem os tempos
Sobre tudo o que eu preciso.
Desapareçam sonhos internos…
Que pois eu! Eu sou feito de (bons) momentos
E jamais perderei o meu sorriso!!


Kum

segunda-feira, abril 27, 2009

Mendigo.



- Tens medo princesa?
- Medo de quê?
- De te apaixonares…
De tornares esta suspeita numa certeza.
Medo de te me dares!

Tens?
- Não sei bem.
Nem sei o que te deu para me falares.
Tenho dúvidas. Mas nisso sei-me sem ninguém…
Sem rostos, cheiros ou paladares!

Mas o que é isso de me apaixonar?
- Algo que não saberás de ouvir…
Algo que não te conseguiria explicar.

- E assim fico? Sem o saber?
- Assim é.
Agora são minhas as indecisões…
Se fiz mal para te perder,
Ou se vives com dois corações?!

- Porque me não tentas ensinar?
- Não. Eu é que te pergunto…
Porque passaste? Porque apareceste? Porque abalaste?
Mostrei-te tudo o que te podia dar
E na minha pobreza de mendigo recuaste!

E se me vi disposto a esse apaixonar,
Hoje me revolto no mendigo das ruas.
Não o pobre que não pode sonhar,
Mas um ninguém que aprendeu
A amar, nas pedras nuas,
Só a vida que Deus me deu!!


Kum

sábado, abril 25, 2009

Estátua.



Hoje sentei-me ao pé da estátua de um poeta. Encostei-me no seu dorso, no sentido do sol, absorvendo todos os seus raios…
Conversamos, e egoístas, partilhávamos só para nós o maior bem do mundo.
Num repente perco dois autocarros (dos que me trazem), apenas pela falta de forças e de coragem em acabar com aquele momento. Mas sinto-me tão bem…
Ao ritmo da música que se espelhava entre os meus ouvidos, fazia versos dentro da minha própria cabeça… pensei ter encontrado um daqueles momentos perfeitos para passar ao papel... mas não. Não, hoje não vou, não quero escrever. E este ao meu lado, este é que é o poeta, ele que diga, se conseguir o que eu sinto!

[silêncio]

Não penses velho. Não penses, que nem me sinto quando sou eu!

[sorrisos]

Deixem-nos aqui. Só a saborear o sol que alguém nos deu…


Kum


“Era um sonho talvez...-foi um sonho-
Em que a paz tão serena a dormi!
Oh!, que doce era aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim!, despertar?”

Almeida Garret, Este Inferno de Amar

sexta-feira, abril 24, 2009

Querer...



Queria ter poder de mim!
Dar a parte fraca a quem me quisesse levar,
Perder-me no fim
E no fim despedir-me do ficar.

Queria soltar gritos de desesperos
Despedaçar o monstro que se me prende,
E revelar todos os meus segredos...

Queria poder tanto,
Sem ter que dizer nada!
Só ficar no meu canto,
Numa alma desperdiçada....

Mas estas gentes obrigam-me a ser feliz.
Os sons fazem-me partir
E os sentimentos dos quais me desfiz,

Os pensamentos que me querem suprir,
Tiram-me daquilo que eu sempre quis
Para voltarem a fazer-me sorrir!

E assim fico, assim me vejo, assim sou.
Leve pesar de criança triste,
No meu querer em nada e de tudo que não mudou!!!


Kum

sexta-feira, abril 17, 2009

II.


(...)
Fomos tudo quando ninguém acreditava.
Somos a mesma mão que levanta quem cai
E que ajudamos a seguir na estrada...
E quando formos parte daquilo que vai,
Seremos o rosto frio da alma só e cansada...
A gargalhada feliz que sobressai,
Da criança que quer tudo e não tem nada.


Kum


Não conseguiria ser justo, por mais que fosse a minha vontade de te agradecer... tens feito, tens inventado e tens sido mais do que alguma vez eu teria coragem de pedir que fosses para e por mim...
E porque na primeira vez não te quis agradecer... hoje, é comovido que te digo, do fundo do coração: Obrigado =)

segunda-feira, abril 06, 2009

Sombra...

Sou uma criança.
E tu a minha sombra dos dias de sol!

Eu sou aquele que corro atrás de ti.
E tu aquela que foge
Sem conseguires parar onde te vi,

Sem te conseguir alcançar.
És saída de mim, aqui tão perto!
Mas misturas-te com o ar
E tornas o tempo incerto,

Trazes as nuvens que te levam…
E sem sequer me despedires
Fundes-te nas luzes que me cegam!

Partes para lugares que não há,
E eu, fico procurando-te porque embora não te vendo

Sei que continuas lá!!


Kum


sei que estás viva... sei que continuas tu... sei de tudo o pouco que me contas, e do pouco de tudo que ouço, porque não te sinto. Perdoa-me o egoísmo desmedido que me traz a saudade de tudo aquilo a que me habituaste, de tudo em ti. Perdoa as falhas em toda uma necessidade constante de presença... perdoa tudo, condena tudo, esquece tudo.. mas por favor... "volta rápido"!

domingo, março 22, 2009

Pertença



Não consigo saber se estou triste ou se sou feliz!
Acho que minto a mim próprio
Ou a alguém que eu fiz…

Tenho gentes imaginárias a compor o meu “eu”,
Sobro em diálogos inquebráveis
Tentando talvez descobrir se sou teu.

Tantas palavras, e tantas conversam entre as personagens.
Tantas notas musicais substituem os pensamentos.
Tantos sonhos transformados em viagens!
Tantos de tanto, e tanta coisa se vai em momentos

Sem conclusões, sem pecados ou confissões…
Não escondo nada senão o meu ser.
E mostrando a verdade às minhas gentes sem restrições
O pouco que sou, o tanto que dou, não me deixa saber

Se sou teu e te pertenço.
Se te amo, ou de quem gosto afinal!?
Se a ti e ao teu sorriso que me leva suspenso,
Se ao meu mundo e à minha liberdade que nos fazem mal…


Kum

sábado, março 14, 2009

Gosto em sentidos.




Gosto quando tudo está consumado.
Quando me preenche o sol,
Seguindo o seu caminho
Junto ao céu do horizonte,
Reflectindo-se na lua,
No seu jeito espelhado,
Pedindo a outra estrela que me encontre.

Gosto quando a música que oiço entoar cá dentro
Se desprende.
Como se transforma numa alegre revolta
Sempre que percorre o meu corpo!
Faço-me adormecer à medida que anoitece,
Sinto que ninguém me compreende
Mas que tudo me solta
E na volta, me amarra ao porto…
E gosto.

Todo o eu é sensorial.
Experimento cada linha da minha mão,
Tenho todos os sentidos,
Hiperssensibilidade
E mais do que aquilo que me dá a propriocepção.

E lembro as crianças. Como gosto
Das crianças que brincam dentro de mim,
Das diferenças perfeitas dos seus mundos,
Que me fazem os dias a sorrir
Nem que seja só por segundos.

Gosto! Gosto de tudo consumado
Sim!

Embora me sinta.


Kum

domingo, março 08, 2009

Segredo.



E se te contasse um segredo,
Saberias guardá-lo?
Se eu perdesse o medo
E quisesse mostrá-lo…
Ouvias-me?

Se eu precisasse de ti
Para me segurares,
Para compreenderes o que senti
Para me explicares…
Dizias-me?

E se esse segredo fosses tu?
E alguma coisa te escondesse de mim.
Se tudo não passasse de um dejá vu!
Ainda assim…
Preferias-me?


Kum

sexta-feira, março 06, 2009

Anoitecer.



Pudesse o sol separar-se de ti,
E eu estaria descansado.
Pudesse haver noite sem as estrelas que levas,
Sem a lua que nunca vi,
E eu ficaria sossegado!

Vivesse o sol sem te precisar,
Conseguissem os astros não sair
E ficar no sítio quando passas,
Continuassem eles a brilhar…
E a fazer-me sorrir!

Que eu não sentiria a falta…

A falta de partir
E ver o sol ficar contigo.
A ausência de me rir
Para vê-lo no teu sorriso…

Não é teu mal.
Nem tão pouco defeito.
Invejo, sim, o ponto brilhante
Que brilha mais do que o normal
Quando se aloja no teu peito.

E tu recebe-lo,
De braços abertos…
Partilha-lo sem medo de o perder
E inventas uns passos incertos
Sabendo que, para ti, nunca vai desaparecer.

Danças todo o dia,
Voltas, rodas e cais!
Como se o fizesses renascer…
E de repente guarda-lo, e sais.
Nessa altura eu conseguirei ver,
Saberei que estás feliz,
E lá em baixo… verei anoitecer!


Kum


A ti Aladina... porque hoje finalmente, vi um pôr do sol digno de ser dançado por ti...
Obrigado por tudo =)

volim te*

quinta-feira, março 05, 2009

"Esta tristeza que trago".



“Esta tristeza que trago”
Nem sequer é minha!
Nem é tua,
Senhora do fado.

É apenas semblante.
Alguém que vizinha,
Alguém da rua,
Que se aproxima

Chega perto,
Bem depressinha.
E sem notar a lua
Torna-se impossível fazer-me sua!

Mas é triste…
E triste, sem querer,
Foi assim que a recebi
Logo que partiste.

Tornei-me escravo.
Foi-me cegando sem saber
Essa ausência de ti,
Que te me deu a perder!

“Esta tristeza que trago”
Ainda ouço sem ver.
E tudo o que aprendi
“Agora é que eu percebi”


Kum

quarta-feira, março 04, 2009

O Pintor.



Impávido e aquietado
Estende a mão para alcançar o pincel
Esquece passos e, sem preparo
Pinta, como quem barra mel
Que estranho traçado e tão parca a forma de desenhar
Há algo, qualquer coisa, que foge ao fado
Há algo, e qualquer coisa, naquele pintar!
Só um pincel conspurcado, ou mesmo pouca arte no barrar
Não poderiam causar tanto dano!
Nunca, ao ponto de o destroçar.

- Que te fiz eu pincel?
Porque não me obedeces
Se tanto aprecias o mel!
- Oh pobre quadro, e tu que reflectes?
Que estranho traço me mostras
Que fraca pintura prometes!
- Ou serás tu mão?
Serás tu que esqueces
O que pensa a cabeça e sente o coração?

- Não...
Sois vós... olhos malvados
Vós que vedes o que o pincel não pode pintar,
Vós que apreciais o que o meu quadro não pode mostrar,
Vós que adorais o que o meu coração não consegue amar.
Sois vós!!! Vidros fumados,
Que escondeis a solidão
Preferindo o luar,
Que vos fechais ao estender de uma mão
Sem nunca me fazer parar…

Sois vós... espelhos quebrados!
Vós, que no vosso estado são,
Me fazeis cegar!


Kum

terça-feira, março 03, 2009

Lágrimas que faltam salgar.


Falta-lhes sal.
E sal é coisa que não pode faltar agora,
Não pode faltar nunca!
Não, porque, apesar do seu mal,
É o sal que demora
A extinção do que defunta.

E convenhamos que tempero sem sal,
Embora tempero que não mata,
É tempero de desagrado!
Sabe mal
Sabe chorado.

E o choro é tudo que eu tenho hoje.
A carne morta
Que as minhas lágrimas ensalgam por mal,
Retratam tudo o que me foge…
E tudo o que brota
Acaba por morrer igual!

Estou só.
Num baú salgado,
Que da minha pequenez se faz gigante,
Sinto dó!
Dó do meu egoísmo mal amado
Que sem nunca amar, sempre foi amante.

Estranho… ainda oiço!
Quem chorará por mim?
De quem serão estas lágrimas que falta salgar?
Mas que me acalmam, como baloiço…
- Olhe?! – Sim?
- É só a chuva... Ninguém está a chorar…


Kum

segunda-feira, março 02, 2009

Quero-me.



Tenho frio
E só me aquece a melodia
Tenho vontade de cantar, de tocar
Tenho necessidade de espalhar as notas por este espaço de eco
De deixá-las fugir e correr para as abraçar.
Quero sair de mim
Deixar o meu corpo, voar
Cair
Só assim…
Sem perturbar ninguém.
Sem conhecer alguém.
Quero apenas ser livre, livre…
Aiiii…
Quem me dera apaixonar-me
Por quem me desse o voltar a sentir!!
Mas tenho saudades
De tudo
Das desgraças, dos horrores, das verdades
Daquelas que nunca escondi
E que tu viste
Onde eu nunca vi.
Quero tudo
E no fundo
Quero-me só a mim.
Preciso só de coragem para chegar ao início
Sem nunca voltar do fim
Ahhhh…
Pudessem as minhas mãos tirar-me do martírio
Tivesse a minha voz a arte e harmonia
Para que como quem grita, revolto, cantar
Soubesse eu o que realmente queria
E não estaria aqui a chorar…


Kum

domingo, março 01, 2009

Me ligasses...


Se ao menos me falasses.
Se fosses capaz de me ouvir
Prometer,
E ainda assim me ligasses!

Hmm, quanto pudera…

Quanto inventava eu que me sonhasses.
E mesmo antes da hora de partir
Amanhecer,
Mesmo assim me telefonasses!

Por tanto valeria essa espera…

O que me acalmava se me tocasses,
E sem sequer sorrir
Agradecer…
De todas as formas que gostasses!

E bastarias, sincera!

Se me esperasses…
Depois da hora de partir
Anoitecer.
Mas pelo menos, me chamasses!
Sem rir,
Sem perder,
Só que ligasses…


Kum


Porque vens fazendo da tua loucura, a minha forma de ser! Porque sei que me vais ligar sempre! e porque me sinto obrigado a agradecer-te por tudo o que me deste...

volim te*

Essa falta...



E essa falta... essa falta que outrora desejei ter coragem de provocar,
Chega agora... a malvada, para me matar.
Peço-te,
Peço todos os traços do teu corpo,
Todas as linhas da tua alma,
Todos os suspiros de conforto,
Apenas o único olhar que me acalma!

Porque preciso de ti,
Mas o medo trava-me.
Agarro-me a tudo,
E tudo se parece com o que vi
Mas chama-me,
E a nada estou seguro!!


Kum

sábado, fevereiro 28, 2009

Só.




Nem um toque.
Nem uma mensagem.
Nada que demonstre que me lembras!

Fazes-te forte?
Ou estiveste de passagem,
E nem me recomendas?!

Sinto-me só.
Mais do que em qualquer dia...

E estou sem dó
De todos os que sofrem dessa alegria.

São tolos em pensar... Eu sinto! Sofro! e minto...


Kum

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Ria Formosa



Ahhh... Como me alegras!
Como é bom ver-te e ouvir-te.
Que com teu cheiro doce me encerras
Deixando-me livre para pedir-te:
Que me encontres, me percas
Me faças repetir-te!

Quão sossego me dás,
Que memórias me trazes!
Recordações vãs,
Passados fugazes...

E aqui sentado diante de ti,
Consigo ver-me no teu espelho.
E tal Narciso, tanta beleza vi
Que mais se me desses conselho.
Pelo que em Faro me perdi,
E em ti me encontrei... como velho!

Mas danças no teu leito
Indiferente e vaidosa...
E eu ressurjo no teu jeito
Por mim em ti, bela Ria Formosa.


Kum

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Nada...


Hoje acordei cedo,
Madruguei por ti!
Levantei-me a medo
Mas não te vi.

Que falta de ver,
De teu toque,
Teu olhar.
Poder-te conhecer,
Sentir-me forte,
Sonhar!

Ou sonhar-te…

Nem sei o que escrevo se não estás,
Não sobra letra nem pedaço.
Todas as linhas me parecem más
E em todas as palavras fracasso!

Nada.
Nada de absolutamente nada.
Não fiz nada,
Não sei nada,
Não tenho nada a não ser… nada!

E não escrevo nada
Apesar de sentir tudo.
E tudo sentido em rajada:
É que és tanto, que me deixas mudo,
És tanta, e não me deixas nada!


Kum

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Parti...


A manhã convida,
Mas a vontade de sair é tanta como nenhuma!
As malas ocupam-me os membros,
A saudade toma-me conta da vida,
E a alma pesa-me, embora se consuma.


O monstro já me esperava.
Como sempre eu estava atrasado,
Desta vez não nas horas…
Não! Atrasei-me foi na estrada
Que me escondendo do futuro, me trazia do passado.


A saída da invicta deu-se.
Foi! Apenas isso…
Não a deixei, nem a cidade, nem a ela!
Eu fiquei… o resto perdeu-se,
E eu parti-me inteiriço.


Chegou-me o sono, então sonhei
Lugares distantes,
Santuários, castelos, rios e terras vermelhas!
Cristos que abençoam sítios de El-Rei,
Gigantes de pedra, fontanários dantes!


Todos sonhos, e tão acordado!
Memórias do presente,
Ou tão-somente imaginação
Que depois de um bocado,
Me trazem de onde parti… finalmente!


Kum